Planejamento Escolar e Avaliação no Ensino Fundamental
Alessandra Corá
Pedagoga, especialista em Alfabetização, formadora de professores e editora responsável pela Cultura Escrita.
O trabalho a ser desenvolvido em um ano letivo deve obedecer a um processo de organização que chamamos de planejamento escolar. Um planejamento bem realizado deve estabelecer articulação entre as atividades escolares e o contexto no qual a escola está inserida. Além disso, deve ser pensado de forma flexível, permitindo mudanças ao longo de sua execução, objetivando uma maior eficiência e adaptação às dificuldades apresentadas pelos alunos ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Em resumo, o planejamento deve ser simples, objetivo e flexível.
O desenvolvimento do planejamento escolar deve contemplar diferentes momentos de reflexão sobre nossas ações e nossa postura ao desenvolvê-lo ao longo de sua execução.
As opções metodológicas, das quais derivam as práticas e as estratégias pedagógicas, relacionam-se com a postura que pretendemos assumir no trabalho escolar. Isso significa que ser mais ou menos diretivo, organizar processos de discussão, propor atividades e trabalhos instigantes e momentos que favoreçam o estreitamento das relações entre a escola e a comunidade precisa estar refletido no planejamento escolar.
O planejamento escolar deve ser um orientador para todos os envolvidos na vida escolar. Ele deve obedecer a uma sequência lógica e precisa estar relacionado aos objetivos da escola e também a objetivos mais específicos, vinculados às diferentes disciplinas e conteúdos.
O planejamento deve estabelecer uma relação entre os objetivos, o conteúdo, os estudantes, o processo de avaliação, para assegurar a unidade e a coerência do trabalho. Ele também pode facilitar a preparação das aulas, orientando a seleção de materiais e as situações imprevistas que podem ocorrer durante as aulas.
No planejamento, é indispensável, portanto, a descrição dos objetivos de ensino e aprendizagem, das práticas pedagógicas e dos conteúdos que serão desenvolvidos. Com a implantação da Base Nacional Comum Curricular, é indicado que o planejamento apresente, também, vínculos entre conteúdos e objetivos com os objetos de conhecimento relativos à disciplina e ao ano do Ensino Fundamental em relação ao qual ele foi desenvolvido.
Outro aspecto importante que precisa ser previsto no planejamento é o processo de avaliação que se pretende desenvolver com os estudantes.
Existem vários tipos de avaliações que o professor poderá utilizar para observar o desenvolvimento do aluno. O mais usual é a prova, com questões abertas dissertativas às quais o aluno deve responder com suas palavras o que entendeu sobre o assunto. A prova pode conter também questões de múltipla escolha, para que o aluno indique uma ou mais respostas coerentes com o que foi referido no enunciado. Outra forma de avaliar, e que vem ganhando cada vez mais espaço, é a autoavaliação, na qual, o aluno reflete e diz como foi seu desenvolvimento. Alguns professores realizam ainda portfólios, em que o aluno guarda algumas atividades realizadas por ele e junta uma autoavaliação sobre o que aprendeu, seus avanços e dificuldades.
É importante ainda ressaltar que avaliar não é somente atribuir um conceito a um aluno através de uma nota que ele tenha tirado em prova. É preciso considerar os fatores associados – por exemplo, se o aluno tirou uma nota baixa, seu desempenho pode ter sido prejudicado porque, naquele dia, ele não estava bem emocionalmente, ou algum evento pode ter acontecido e tê-lo deixado abalado.
A avaliação precisa ser um instrumento a serviço de todos, de tal forma que possa identificar e analisar a evolução, o rendimento, as dificuldades e as transformações do aluno, demonstrando a construção de seu conhecimento, reunindo toda sorte de suas produções, observações do professor, educacionalmente contextualizadas, e não como algo usado para “prestar contas” aos pais ou responsáveis do que foi aprendido, ou para indicar se o aluno foi ou não aprovado naquele ano letivo.
É preciso que o processo avaliativo esteja a serviço do professor, permitindo-lhe tomar decisões sobre o processo de ensino e aprendizagem de cada estudante, e, também, a serviço do estudante, apresentando-lhe um panorama geral de seu desempenho diante do conteúdo desenvolvido, ajudando-o em sua autorregulação da aprendizagem.
Fazendo uma analogia com o cinema, o processo de avaliação equivale ao filme, enquanto uma prova ou atividade avaliativa pode ser comparada a uma fotografia. Porém, mesmo que a preocupação principal seja o filme, devemos nos preocupar em produzir boas fotografias, indicando claramente os objetivos de ensino e habilidades que serão avaliadas e preparando um processo de correção que possa identificar as dificuldades individuais de cada aluno.